Em setembro de 2011, foi publicado um estudo sobre o possível risco de alterações cardiovasculares em atletas da alta performance, principalmente em relação ao aparecimento de um tipo de arritmias cardíaca chamada Fibrilação Atrial. Segundo o Prof. Dr. Adalberto Lorga Filho, responsável pelo Setor de Arritmias Cardíacas do Instituto de Moléstias Cardiovasculares de S. J. Rio Preto, Doutor em cardiologia pela Faculdade de Medicina da USP e colaborador frequente aqui do Blog, trata-se de uma arritmia mais frequente em idosos, onde o coração deixa de ser comandado por seu marcapasso fisiológico, passando a apresentar um ritmo irregular, sem controle adequado da frequência e que normalmente gera aumentos desproporcionais dos batimentos cardíacos. A fibrilação atrial correlaciona-se ainda com uma maior incidência de derrames cerebrais e insuficiência cardíaca.
Os pesquisadores da Universidade de Oslo – Noruega, constataram que esquiadores de cross-country de elite desenvolviam 37% mais arritmias do que esquiadores que participavam das mesmas competições mas que completavam a prova em um ritmo mais brando. Outro achado foi que pessoas que participavam de provas com 4 horas ou mais de duração, apresentavam 39% a mais de risco de apresentar fibrilação atrial, o que requere tratamento médico.
Knut Gjesdal, também da Universidade de Oslo diz que “os praticantes de atividades mais intensas tem uma maior incidência de fibrilação atrial. Porém, não sabemos ainda se isso acontece da mesma forma com a população que se exercita num ritmo menos intenso”.
Gjesdal e sua equipe estudaram 43.000 pessoas de 30-81 anos, e após uma análise multivariável ajustada por idade, altura, massa corporal e nível de educação. Os praticantes de atividade moderada (até 4h/semana) apresentaram 1,18 vezes mais chances de desenvolverem fibrilação atrial, enquanto que os praticantes de atividade física intermediária (mais de 4h/semana) apresentaram 1,39 e os praticantes de atividade física intensa (que treinam de forma intensa ou participam de atividades competitivas várias vezes por semana) 2,75 vezes mais chances de apresentarem essa arritmia. Em outras palavras os praticantes de atividade física intensa teriam 2,75 vezes mais chances de sofrer fibrilação atrial se comparados com a população normal.
Outro pesquisador, K. Andersen, correlacionou um maior risco de arritmias (inclusive arritmias malignas e morte súbita) com pessoas que participavam de muitas competições de esqui cross-country por ano (mais de 5 provas por ano). K. Andderson ainda relata que “há um risco 29% maior de fibrilação atrial naqueles que participam de 7 ou mais competições de esqui cross-country anuais”.
Em todo caso, o Dr. Adalberto M. Lorga Filho, afirma que “esse é um achado populacional, para um determinado esporte e não dá para ser extrapolado para outros. Outro ponto fundamental e ainda desconhecido é a consequência dessas arritmias encontradas, na evolução desses atletas. O fato de se ter mais arritmia, não significa que necessariamente esses atletas tenham mais eventos cardíacos que a população normal ou que os outros atletas menos preparados (pode ser que sim, mas também pode ser que não!)”.
Ainda segundo ele, “não me surpreenderei se nos próximos anos, tivermos surpresas desagradáveis relacionadas a atividade física de grande intensidade (o que a vida nos mostra é que nada em excesso é bom e isso não deve ser diferente para o esporte!). Vamos ficar atentos”.
Bons treinos!
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