Ironman Brasil 2022 ou os Desafios de gerenciar um projeto sem data

No ultimo final de semana de Maio foi realizado a vigésima edição do Ironman Brasil, o maior triathlon da américa latina. Além de ser a vigésima vez que o evento estava sedo realizado no Brasil, foi o primeiro Ironman full distance a acontecer no pais nos últimos 3 anos. A ultima edição havia acontecido em 2019 e as edições de 2020 e 2021 haviam sido canceladas por conta da pandemia.

A Viiva Assessoria esteve presente no evento acompanhando os alunos que competiam na prova (você pode ver o resultado dos alunos aqui).

O treinador Rodrigo Langeani durante treino de ciclismo com os 4 atletas da Viiva que participaram do Ironman Brasil 2022.

O Ironman Brasil

O Ironman é talvez a distância mais desejada pelos triatletas, nadar 3.800m, pedalar 180km e finalizar correndo uma maratona é um desafio impensável para muitos.

A preparação para uma prova de Ironman leva em torno de 6 meses para um atleta já experiente, mas pode ser um processo de até 2 anos para um atleta mais iniciante.

As capacidades físicas do atleta são testadas no início do ciclo de treinamento e com base nos resultados é construído o planejamento do treinamento para que o atleta chegue em forma e o mais importante saudável na linha de largada, já que é muito comum atletas se lesionarem durante a preparação (muitos até ficam doentes na semana da prova) e não conseguirem sequer largar a prova.

Já escrevemos sobre a nossa filosofia de treino para o Ironman.

É importante entender que o processo é gerido como um projeto como qualquer outro, aliás como treinador uso algumas ferramentas de Gestão de Projetos na criação do treinamento e utilizamos modelos matemáticos para interpretar os dados e entender as respostas do organismo dos atletas ao treinamento. Em muitos casos, organizamos o planejamento nutricional junto com os nutricionistas e trabalhamos com os fisioterapeutas nas atividades complementares para a prevenção de lesões. O treinador é uma mistura de gestor de projetos com maestro que fica tentando manter o andamento de todo o processo para garantir o sucesso do aluno.

Toda essa união com o único e exclusivo objetivo de fazer com que o atleta atinja o ápice da sua forma do exato dia do Ironman. O problema é fazer isso sem ter uma data definida. E foi exatamente isso que aconteceu nesse ciclo de treinamento. O Ironman Brasil estava marcado para maio de 2020, havíamos começado o treino e a preparação dos atletas em janeiro de 2020, no entanto com o início da pandemia de coronavirus o evento foi cancelado e remarcado outras 4 vezes.

No começo da pandemia a incerteza era tanta que não tinhamos a menor idéia do que viria pela frente e por isso o desafio era tentar manter os atletas no processo de treinamento de maneira a não desmotivá-los e poder estar relativamente prontos tão logo outra data fosse anunciada. E com muita atenção e um tanto de criatividade obtivemos sucesso na empreitada.

Um projeto sem data

Entenda a dificuldade do assunto, no início da pandemia não tinhamos nenhma certeza de como as coisas aconteceriam. Em março de 2020 eu achava que na pior das hipóteses a pandemia iria durar 2 meses (santa ignorância!) e hoje sabemos que durou (e está durando) bem mais do que isso.

Naquele momento falava-se em remarcar o Ironman para Agosto, se a nova data fosse anunciada os atletas deveriam estar com o mínimo de condicionamento físico para conseguir treinar para a prova, então não poderíamos parar de treinar.

Depois o Ironman foi confirmado para novembro de 2020, depois maio de 2021, depois novembro de 2021 e finalmente para maio de 2022. A cada novo cancelamento reavaliávamos a situação e reescrevíamos o planejamento. Mas com todos esses cancelamentos usei 3 estratégias para manter a motivação dos alunos e continuar evoluindo o condicionamento físico deles.

Corrigir o que precisa ser melhorado (trabalhando os pontos fracos)

Alguns triatletas não gostam de abrir mão de treinar uma das modalidades do triathlon, mas para evoluir no triathlon é preciso que todas as 3 modalidades estejam equilibradas. Não adianta ser muito forte em uma modalidade e muito fraco em outra.

Seja pela falta de tempo ou pelo pouco tempo entre uma prova e outra, as vezes as modalidades mais fracas deixaram de receber a devida atenção. Por isso, em algumas fases da pandemia fizemos treinos mais focados em uma só modalidade.
Quem precisava melhorar a sua corrida, ou construir uma melhor base na modalidade passou a correr com mais freqüência. Na pandemia criamos o Desafio 21 em 30 onde desafiamos os alunos a correr 21 vezes em 30 dias.

Aqueles que precisavam melhorar os seus ciclismos foram encorajados a pedalar um volume maior ou experimentar o mountain bike e a gravel bike para adicionar variedade aos treinos ao mesmo tempo que desenvolvia força no pedal.

Dando atenção ao fortalecimento

Depois dos 40 anos a tendência é os atletas começarem a perder massa muscular. Isso se traduz muito claramente no aumento da incidência de lesões, dores e perda de performance.
Durante a pandemia, com a total ausência de eventos, muitos puderam finalmente se dedicar com mais afinco aos treinos de musculação e puderam experimentar os ganhos que essa modalidade proporcionar.

Fazer coisas diferentes

Por mais que você adore a sua modalidade, de vez em quando dá uma vontade de experimentar uma atividade diferente ou fazer um tipo de treino que as vezes destoa um pouco dos objetivos da planilha. Na pandemia encorajei os alunos a procurarem os seus próprios desafios e isso incluiu desde rotas novas, experimentar novos caminhos, fazer everesting, desafios de quilometragem e até novas modalidades esportivas.
Durante a pandemia decidimos correr um percurso de 45km na terra para simular uma maratona, batizamos o desafio de “Maratona do Pé Vermeio” e com isso mantivemos os alunos engajados nos treinos ao mesmo tempo que experimentamos um bloco de treinamento focado na corrida o que criou lastro fisiológico para o ciclo de corrida do Ironman.

Siga o Fluxo

Por mais que gostemos de tentar ter algum controle sobre o processo, a Pandemia nos ensinou a levar as coisas de outra maneira. Muitas vezes os eventos deixaram de acontecer, as limitações impediram do planejamento seguir como pensado e nem por isso deixamos de treinar, motivar os alunos e conseguir atingir nossos objetivos.
Mas vale lembrar que tudo isso só aconteceu com muita aceitação, criatividade e com a consciência de que não podemos controlar quase nada em nossa vida.

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Treinamento para o Ironman

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Se você quer saber um pouco mais sobre a nossa metodologia de treino para Ironman Brasil.
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