Se você é como a maioria dos atletas de endurance, você se preocupa com o seu peso, pois sabe que o peso extra que você por ventura carrega pode custar tempo, desperdiçar energia, aumentar o estresse nas articulações e afetar sua performance.
Para você ter uma idéia da importância do peso em sua performance um estudo avaliou que um aumento de peso de 5% tinha como consequência um decréscimo na performance de 5% num teste de 12min de corrida.
Lance Armstrong o maior vencedor de todos os tempos do Tour de France só venceu seu primeiro Tour após perder peso devido ao seu tratamento contra o cancer. Antes Lance era um dos ciclistas mais musculosos do pelotão, com um corpo mais indicado para provas de 1 dia (as chamadas clássicas na europa), do que que para as provas de várias etapas como o Tour. Ao perder peso, o novo Lance, mais leve se tornou um forte contra-relogista e um ainda melhor escalador.
Pesquisando sobre o assunto, comprei o livro Racing Weight: How to Get Lean for Peak Performance do Matt Fitzgerald. No livro, ainda não lançado no Brasil, Fitzgerald aborda as características físicas ideais para os principais esportes de endurance e apresenta algumas dicas para os atletas de endurance atingirem o peso ideal (que será abordado no artigo da semana que vem).
Graças a Deus não existe apenas um corpo ideal para cada modalidade esportiva. Vemos uma variedade enorme nos corpos dos atletas de alto nível no ciclismo, triathlon e corredores. Tomemos como exemplo 2 ganhadores do Tour de France: Jan Ulrich, ciclista alemão vencedor do Tour de 1997 tinha 1,83m e pesava 73kg, ao passo que o vencedor do ano seguinte Marco Pantani, tinha 10cm a menos de altura e pesava apenas 57kg. Entretanto existem algumas características físicas de cada modalidade relacionadas a quantidade de massa muscular e percentual de gordura relativas a cada uma das modalidades.
O corpo do ciclista:
Se existe um esporte não tem um biotipo específico esse esporte é o ciclismo. O biotipo do ciclista varia de acordo com sua especialidade. Os escaladores normalmente são mais baixos e leves, um exemplo disso é o ciclista citado anteriormente Marco Pantani de 1,72m e 57kg. Os Domestiques e Contra-relogistas são normalmente maiores que os escaladores. Apesar de no ciclismo a relação peso/potência ser importante, nos contra-relógios é a “força bruta” que importa, pois necessita-se de sustentar uma alta potência durante toda a prova. Um exemplo perfeito do biotipo de atleta para o contra relógio é o Fabian Cancellara, com 1,86m e 80kg. Os sprintistas precisam também aguentar sustentar uma alta potência durante as corridas mais longas para conseguir chegar ao final da corrida no pelotão, mas é sua habilidade de imprimir uma potência incrível nos últimos metros da prova que importa. Um exemplo de como os sprintistas podem ser fortes é o sueco Magnus Bäckstead, que ao ganhar uma etapa do tour no sprint dos seus altos 1,93m pesava impressionantes 90kg.
Apesar da especialidade os corpos dos ciclistas apresentam algumas características semelhantes. Braços magros como os dos corredores, mas com pernas muito mais musculosas. Ciclistas tem pernas muito musculosas pois, no ciclismo, são as pernas que fazem quase todo o trabalho, enquanto correr é uma atividade que envolve o corpo todo.
Uma baixa porcentagem de gordura é outra característica dos ciclista de sucesso, nos pelotões de elite europeus varia de 6 a 11% enquanto que para atletas amadores o percentual de gordura costuma ocilar entre 12 e 16%.
E os Moutain Bikers?? Calma, não esqueci do MTB! Devido as características das provas de mountain bike os mountain bikers costumar ter biotipos semelhantes aos dos escaladores. O franguinho campeão mundial de MTB Christoph Sauser tem apenas 65kg com 1,81m. Tanto é o mesmo o biotipo dos escaladores e ciclistas que existem inúmeros casos de mountain bikers que tiveram um enorme sucesso no meio do pelotão, vide Steve Larsen e o australiano Cadel Evans.
O corpo do corredor
Os corredores de longa distância são famosos por serem leves desnutridos e magrinhos. Costumam ter os menores valores de gordural corporal de todos os atletas (exceto talvez pelos bodybuilders) variando em torno de 7% para os homens e 12% para as mulheres. Normalmente tem pés pequenos, quadris estreitos e concentram grande parte de sua massa muscular nas coxas e tem canelas e braços finos.
Uma curiosidade, as corredoras de elite tem uma estatura em relação a média maior do que os corredores masculinos. E eles são leves, muito leves. O recordista mundial da maratona Haile Gebrselassie da Etiopia, pesa apenas 52kg e a recordista mundial dos 5.000m, Tirunesh Dibaba, pesa espantosos 43kg.
O corpo dos remadores
O Remo é o único esporte de endurance onde a massa muscular é realmente uma vantagem. Remadores maiores, geralmente tem mais massa muscular, o que os faz conseguir remar com mais força e impulsionar o barco mais rápido. Nos outros esportes a massa muscular também faz com que o atleta consiga gerar mais potência, mas no remo o atleta não tem que carregar o seu peso ao contrário da corrida e do ciclismo. Os remadores de elite apresentam a porcentagem de gordura em torno de 8% e as remadoras na faixa de 12-15%.
O corpo dos nadadores
Nadar não é uma atividade natural para o corpo humano, então não é nada espantoso esperar que o corpo dos nadadores apresente algumas particularidades. Nadadores bem sucedidos normalmente tem braços compridos são altos e têm normalmente troncos grandes e pernas curtas, o que os torna mais eficientes para deslizar na água. Normalmente tem pés cumpridos e tornozelos com hiperextensão o que os ajuda na propulsão de pernas.
Na maioria dos esportes frouxidão ligamentar é uma desvantagem, não para os nadadores. Essa “anormalidade” os permite um melhor posicionamento do corpo na água e por consequência aumentar sua propulsão no nado.
De todos os esportes de endurance os nadadores são os mais “gordinhos”. Apesar de serem mais magros que o indivíduo comum, essa maior gordura corporal parece ser benéfica para a flutuação e para o isolamento térmico dos nadadores que normalmente passam muito tempo dentro d’água. A porcentagem de gordura média de um nadador de elite varia entre 10-12% para os homens e 19-21% para as mulheres.
Existem algumas exceções como a nadadora Dara Torres que ao mudar o foco da sua preparação e incluir treinamento funcional conseguiu aos 43 anos na sua 5ª olimpíada melhorar os seus tempos. Dara apresenta um corpo bem mais magro que a nadadora comum.
O corpo dos triatletas e corredores de aventura:
Finalmente os “atletas multi-esporte”. O corpo dos triatletas e corredores de aventura são corpos híbridos. No caso dos triatletas o corpo é uma mistura de corredor, nadador, ciclista e no caso dos corredores de aventura: ciclista, corredor e remador.
O combinação do treinamento de várias modalidades diferentes resultou num corpo com pernas musculosas, não tanto quanto às dos ciclistas mas mais fortes do que a dos corredores e é claro com braços fortes desenvolvidos as custas de muitas braçadas na piscina e/ou muitas remadas no duck.
Curiosidade: A adaptação do organismo dos triatletas a várias modalidades faz com que um triatleta de nível internacional consiga ter um desempenho de nível nacional em alguma(s) da(s) modalidades mas não permite que ele tenha desempenhos a nível mundial em nenhuma das 3 modalidades separadamente.
Uma coisa que os “atletas multi-esporte” tem em comum com seus companheiros de endurance de outras modalidades é uma baixa porcentagem de gordura, os homens normalmente tem de 6-10% e as mulheres de elite tem de 12-16%.
Confira nosso segundo artigo da série que traz algumas dicas para você saber encontrar seu peso ideal e de como mantê-lo.
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Referências:
Fittzgeral, M. Racing Weight: How to get lean and achive peak performance. 2009
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